Viagem ao Peru
Quando
convidado a viajar para Lima, confesso que relutei. Apesar da admiração pelas
civilizações pré-colombianas, por sua rica história, suas paisagens
inebriantes, minha prioridade sempre foi voltada para o velho mundo.
Uma
viagem de férias envolve o dispêndio de recursos que não são poucos, portanto
sempre procurei canalizá-los a roteiros que remontam a cerveja no contexto da
cultura ocidental, focando sempre nas três grandes e tradicionais escolas
cervejeiras, ou seja, Alemã, Belga e Inglesa.
Nos
anos de 2015 e 2016 iniciei minha incursão em países do leste europeu e era o
que pretendia fazer até o momento da possibilidade de visitar a terra dos
Incas.
Vários
foram os atrativos, apesar dos poucos 7 dias. Entre eles, me hospedar no ótimo
Hotel La Paz,
de propriedade da família adorável de meu amigo e aluno Miguel
Gastelumendi, residente e radicado em Belo Horizonte, casado com a Belorizontina Rosana (Zane), que nos receberam com incrível fidalguia e tornara
a viagem inesquecível.
E mais, o Miguel é cervejeiro e o hotel tem uma cervejaria, que produz três rótulos, de nome “Limamanta” (De Lima).

Nunca
gostei de viajar em grupos, é natural do ser humano ter vontades e desejos
diversos e não gostar de se vincular, mas neste caso, nada incomodou, só
contribuiu, muito talvez pelo grupo de WhatsApp, sempre sabíamos onde andava
cada um e se estivéssemos disponíveis, procurávamos nos encontrar. Muito bom!
Não é fácil reunir 20 viajantes com tanta harmonia.
Muitos
me questionam o fato de ir a um destino tão longínquo e não aproveitar um país
de tamanha importância em termos de roteiros como Machu Picchu e Cuzco. Tenho
aprendido que as viagens devem trazer prazer, envolvimento com o local visitado
e principalmente, entender o cotidiano o modus
vivendi local. Correria não combina com uma boa viagem. E isto é que Lima
foi para mim. Com tempo.
E
a cerveja, como fica nisto tudo? O Peru não é um país reconhecidamente de
tradições cervejeiras. Tem uma história relevante na arqueologia dos
fermentados utilizando-se do milho desde os períodos pré-colombianos, até hoje
a chicha é uma cerveja consumida pelos peruanos.
No que tange à cerveja nos
modelos europeus, existem cervejas main
stream como a Cristal, Arequipeña, Pilsen Calao a Cusqueña (esta última
puro malte, bastante palatável).
Em termos de cervejas especiais, observa-se a
importação de marcas famosas mundiais, mas começa a surgir o desenvolvimento
das cervejas artesanais, sendo que a Associação de Cervejeiros Artesanais
do
Peru conta com mais de 40 membros, que gentilmente nos ciceroneou mobilizando
um ônibus para um sensacional almoço em um restaurante fazenda, afastado de
Lima, o Kusina Pachacamac, cuja especialidade são as carnes assadas com pedras
incandescentes. Na viagem tivemos a palestra de um dos fundadores da
Associação, o cervejeiro Tracy Ryan Teach que explanou sobre o momento
cervejeiro no Peru. Tivemos ainda a apresentação de danças típicas e jogos para
o maior entretenimento de todos (entre eles o divertido jogo do sapo, onde se
arremessa discos metálicos em um sapo, também metálico, que deve engolir os
discos).
Ótimos
bares e restaurantes dedicados a cervejas especiais em bairros nobres, com a
companhia da exímia gastronomia peruana, certamente entre as melhores do mundo.
A
cidade é única, não chove mas a umidade relativa do ar está sempre acima de
80%, o que justifica os inúmeros jardins e parques sempre verdes.
A
cidade está na beira do oceano pacífico e nos pés da Cordilheira dos Andes, que
retém as nuvens que vem do mar, mas não a ponto de se converterem em chuva, daí
o céu quase sempre nublado e uma névoa úmida impedindo uma visão longínqua.
Voltando
aos bares e restaurantes cervejeiros, destacamos 4: O Molly´s Irish Bar, de
propriedade do Tracy (da Associação de Cervejeiros Peruanos) que estava
inaugurando em nossa visita.
O Barbarian, no qual encontrei nas prateleiras 2
garrafas Falke em exposição. Tem mais de 40 opções de cervejas on tap, inclusive dispõe de kits para
degustação.
O La Cuina, na mesma rua, onde degustei ótimas cervejas peruanas,
inclusive uma que utiliza folhas de coca.
No
bairro Barranco, o mais boêmio de Lima, tem o Barranco Beer Company. Mais de 40
opções e também oferece kits para degustação e tem sua própria cervejaria no
interior do bar.
Tenho que registrar ainda o restaurante Parador, no clube de
regatas de Lima, construído em cima do mar, e o restaurante Ayahuasca Resto
Bar, lugar sofisticado e muito charmoso. O inesquecível restaurante Mango, com
pratos de ceviche e frutos do mar, o magnífico shopping Larcomar, com
restaurantes agradáveis e arquitetura inteligente, já que o acesso de entrada é
no alto do bairro Miraflores e desemboca no nível do mar.
Outra
experiência interessante foi as visitas aos museus,
verdadeiras jóias que o país cultiva e cuida preocupado que é com a cultura e a
educação da nação. Estivemos no belo Museu Nacional de Arqueologia,
Antropologia e História do Peru, muito importante para se compreender as
civilizações ancestrais através das cerâmicas. Imperdível o sítio arqueológico
Huaca Pucillaba, quase no centro de Lima, que está desvendando uma pirâmide
oculta nas dimensões da egípcia Queops, com detalhamento técnico dos melhores estudiosos
do mundo.
Foram
dias de muita contemplação, caminhadas, boas cervejas, muita cultura e boas
amizades. Isto é #CulturaCervejeira!
Saúde
e prosperidade,
Marco
Falcone
Muito top!!
ResponderExcluirMuito bom!!!
ResponderExcluirPeru e sua cultura maravilhosa!
ResponderExcluirExcelente publicação!!!
ResponderExcluirAdoreei
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